Saúde: cultivar o espírito

Saúde: cultivar o espírito

Recentemente, enquanto preparava uma das aulas de Novembro, deparei-me com a seguinte frase do B.K.S Iyengar sob a qual senti necessidade de reflectir:

“Health is a state of complete harmony of the body, mind and spirit. When one is free from physical disabilities and mental distractions, the gates of the soul open”.

 

Corpo, mente e espírito… três dimensões a partir das quais nos podemos e devemos experienciar. A nós e ao que nos rodeia. Destas três dimensões uma é primordial: o espírito. Pois é este que nos conecta à fonte de toda a criação, ao campo eterno de consciência.

 

A pergunta que se impõe é: o que fazemos, nós, no nosso dia-a-dia para cultivar esta tão importante dimensão de nós próprios? O que fazemos por esta parte de nós?

 

Um dos cinco obstáculos que as escrituras sagradas do Yoga nos apresentam (kleshas), é aquilo a que se chama de asmita – identificação excessiva com corpo e mente (com o “eu” temporário).

Pois a identificação excessiva com corpo e mente pressupõe a não-compreensão e vivência da nossa verdadeira essência. A não-compreensão de quem realmente somos.

 

Não me interpretem mal. Não tento profetizar a negação do corpo ou os malefícios da mente. Na verdade, considero o seu papel extremamente importante para nós que, apesar de seres espirituais, vivemos uma experiência terrestre. As experiências sensoriais, por exemplo, são essenciais no nosso dia-a-dia para apreensão do que nos rodeia. E, a par destas, a mente racional para o desempenho das tarefas mais simples às mais árduas (é graças ao ego, por exemplo, que sabemos que temos de acordar todos os dias, vestir-nos, ir para o trabalho, etc.).

 

Mas mais uma vez, a questão que se impõe é: o que fazemos nós para trabalhar o espírito? Como é que o cultivamos?

 

Porque, se não o fazemos, estamos a negar parte de nós e, consequentemente, a bloquear a descoberta de quem somos.

 

É essencial termos uma prática espiritual – seja ela qual for – pois esta permite-nos criar espaço interno para o reconhecimento dessa parte de nós, dessa dimensão… subtil, sempre presente, eterna. O espírito.