Asana – prática de conexão

Tipicamente, no Ocidente, quando falamos em “Yoga” referimo-nos à prática de um conjunto de posturas físicas. Estas, tradicionalmente, chamam-se āsanas e a sua prática Yoga āsana.

A tradução literal da palavra em sânscrito āsana significa lugar (seat). A experiência de um determinado lugar potencia a nossa ligação à Terra.
Assim, āsana, ou o estabelecimento de um determinado lugar, significa a prática da conexão à Terra. E esta Terra implica todas as suas manifestações de Vida – seres humanos, seres não- humanos, natureza.

Por isso, através da prática de Yoga āsana conectamo-nos à Terra e a todas as suas manifestações.

No capítulo segundo dos Yoga Sutras de Patanjali – Sadhana Paddha – encontramos referência concreta de como deve ser este lugar que ocupamos e a partir do qual nos relacionamos com o Todo – estável (sthira) e harmonioso (sukham). A palavra āsana descreve, portanto, o objectivo desta prática física: relacionarmo-nos com todos os seres, sem distinção, de forma estável e harmoniosa.

sthira sukham āsanam (Y.S.II:46)

sthira: estável
sukham: fácil, harmoniosa, confortável

āsanam: lugar, conexão à natureza

Esta é uma ideia radical que, se posta em prática, poderia terminar com todos os conflitos e guerras que nós, seres humanos, enquanto espécie temos vindo a travar contra a Natureza e animais. E, do fim dessa guerra, poderíamos dar início à construção de um novo mundo e de uma forma de vida mais harmoniosa e sustentável, centrada na alegria e no benefício mútuo.

Se praticamos Yoga āsana, praticamos conexão à Terra e a todos os seres. Que a vivência da prática, no colchão, se estenda a todos os momentos da nossa vida. Que o lugar que ocupamos, neste mundo – o nosso āsana dentro e fora do colchão – seja estável e harmonioso perante toda a existência. Esse é o propósito da prática. Uma prática consciente, uma prática de de conexão.